domingo, 22 de maio de 2011

Câmara de Esperantina aprova Lei dando nome à rua de “Marcela Machado de Sena”


Por unanimidade de votos, a Câmara de vereadores de Esperantina aprovou na sessão do último dia 20 de maio o Projeto de Lei, nº 23/2011, de autoria do vereador Regys Carvalho Sampaio (PMDB), dando nome de “Marcela Machado de Sena”, a rua projetada 31 que fica localizada no Conjunto Habitacional Hamilton Rebelo, mais conhecido por conjunto Fazendinha em Esperantina.

A referida rua que recentemente foi pavimentada, é a maior existente no referido bairro e até então não tinha denominação.

Na justificativa, Regys Sampaio lembrou que a homenageada foi a percussora das festas carnavalescas e dos bailes a fantasia na cidade de Esperantina.

“A saudosa Dona Marcela deixou um exemplo de vida, de amor ao próximo, de sabedoria e de muita caridade”, justificou o vereador.

Com a aprovação da Lei, fica o Poder Executivo na responsabilidade de promover a fixação de placas identificadoras no início, meio e fim da referida rua, bem como comunicar aos órgãos públicos competentes a fixação do nome respectivo.

Confira a biografia da homenageada:

Marcela Machado de Sena filha de Antonio Machado e Donata Rodrigues Machado nasceu em Itapajé-CE, em 08 de dezembro de 1911. De uma família batalhadora, chegou em Esperantina aos 12 anos de idade.

Casou no dia 04 de abril de 1949 com o senhor Luiz de Sena é natural de “São Nicolau” (Luzilandia-PI). Dessa união nasceram 10 (dez) filhos: Francisca de Sena, Maria do Espirito Santo Sena, Maria de Jesus Sena, Teresa de Jesus Sena, Maria das Paz Sena, Geraldo de Sena (in memorian), Luiz Gonzaga de Sena (in memorian), João de Sena (in memorian), Antonio de Sena e José Edimar Sena.

Dona Marcela ajudou a criar ainda filhos de outras mães, a exemplo de José Maria, Ambrozina, Antonio baixinho (in memorian), Maria Gorete, Lara Santos (filha de Gorete) e Raimundo Duruta, que era um menino de rua que veio do Ceará para Esperantina com seis anos de idade em uma das viagens que o saudoso Abrão Gomes fazia sempre para o Canindé. Quando dona Marcela soube que o menino Raimundo estava dormindo pelas ruas de Esperantina, descalço, passando fome, ela resolveu adotá-lo e passou a criar com o mesmo carinho que ela criou os demais filhos. Aos 40 anos de idade, Raimundo Duruta, foi vítima de uma doença venérea, apesar de todo esforço empreendido por dona Marcela para tentar salvar a vida de seu filho adotado, Raimundo acabou falecendo, deixando uma lacuna muita grande para a sua mãe adotiva e para os demais familiares.

Em meados do ano de 1935, ela arrendou um sitio que ficava localizado no centro de Esperantina, no terreno onde hoje funciona o prédio do IAPEP, sendo que lá construiu uma casa de moradia de palha e um restaurante, local onde morou e trabalhou por mais de 10 anos. Dona Marcela só saiu do sitio que era de propriedade do senhor Jaca Portela, porque o mesmo precisou do referido terreno. Logo em seguida fixou residência em uma casa que ficava localizada, em um terreno que ficava próximo onde funciona atualmente a mercearia do senhor Barnabé.

Depois passou a morar em sua residência oficial que ficava localizado na Marechal Deodoro, n°110, local onde existia um salão de festas. Vaidosa, extrovertida, simpática, essas são as caracteristicas que mais se enquadravam no perfil de Dona Marcela, a mulher que por muitos anos fez a alegria de muitos esperantinenses, quando realizava festas de carnaval, tendo como local de encerramento o salão de festa de sua residência. Durante as festas de carnaval, ela era uma das pessoas que mais se divertia e dançava ao som das tradicionais marchinhas carnavalesca.

Em 1951, data em que foi inaugurado o Mercado Público Municipal de Esperantina, ela abriu um restaurante em um dos pontos comerciais do referido mercado, local onde por longos anos exerceu a profissão de comerciamente.

Além dos carnavais de ruas, ela fazia diversos bailes (à carater) como: baile marinheiro, baile branco, baile chitão, baile rosa, baile vermelho, baile chitinha, entre outros. Quando uma mulher não tinha condições financeira de fazer sua fantasia, ela comprava o tecido e mandava confeccionar. Ela usava promovia festas para fazer as pessoas mais felizes. Durante as festas temáticas que ela promovia, os homens eram obrigados a trajarem calça branca e a camisa ficava a critério de cada um. O salão de festa de sua residência tinha as dimensões de 10 metros de comprimento com 6 largura.

Dona Marcela adorava fazer eventos, gostava de novidades. Promoveu festas em um salão que ficava situado no lugar chamado de “roça velha”, onde hoje é o Bairro Multirão. Nos meses de junho, ela arrendava o salão nos finais de semana para realizar festas juninas (quadrilhas), festa de São Gonçalo, leilão, entre outras atividades.

Para prover o sustento de sua família, chegou a viajar para outros municípios, para trabalhar nos festejos dos padroeiros das cidade circunvizinhas, onde vendia comida, bebidas, entre outros. As cidades que mais frequentava eram: Batalha, Porto Marruais, Luzilândia, Matias Olimpio, localidade Mundo Novo, Barra de Piracuruca, São Domingo, localidade Canela (Luzilândia), localidade Santa Rosa (Esperantina) e Salsa (Matias Olimpio). Como naquela época eles não tinha acesso a veículo automotor, transportava suas mercadorias para outras cidades em lombos de jumentos (em jacás), único meio de transporte da época.

Chegou a passar dois meses viajando a pé para trabalhar nos festejos das cidades vizinhas na companhia de seu esposo Luis de Sena, de seus filhos Francisca de Sena, Geraldo de Sena (in memorian), e de outros amigos que trabalhavam em outras funções como: engraxate, em jogos caipira, entre outros. Trabalhou até quando a sua saúde permitiu, sendo que longos anos depois acabou se aposentando.

O uso de turbante (espécie de lenço que se enrola em volta da cabeça) era sua marca registrada. Também adorava apostar em jogos do Poupa Ganha, chegando a ganhar um fusca e uma quantia de 4 mil reais (valores de hoje) em um dos sorteios. Foi receber o prêmio na capital Teresina, sendo que de imediato vendeu o fusca e guardou todo o dinheiro em uma conta poupança.

Viveu mais de sessenta ao lado do seu esposo, deixou como legado 40 (quarenta) netos, 30 (trinta) bisnetos e 04 (quatro) tataranetos.

Aos 90 anos foi acometida por uma doença que acabou deixando-a sem enxergar e com sérios problemas de audição. Três anos depois ficou prostada, a sua alimentação, locomoção e demais tarefas só era possível com a ajuda de familiares.

No dia 22 de fevereiro de 2005 morreu por falência múltipla dos órgãos na cidade de Esperantina-PI.

Dona Marcela deixou saudades eternas, foi sem sombras de dúvidas um exemplo de vida, de sabedoria, honestidade, doação e caridade a ser seguido por todos nós.



Dona Marcela Machado de Sena

Um comentário:

Anônimo disse...

Mais que merecida homenagem pois ela era uma grande mulher digo isso por que a conheci durante minha infância e adolescencia todos os dias ia na fazer a obrigação das filhas dela.Eu gostava de ouvir as historias que ela contava de que quando ele chegou em Esperantina tudo era mato das festas que ela promovia. fui mais próxima dela do que as filhas dela que apareciam uma vez por semana para ver la minha amiga dizia que ela sempre me chamava dizia que tinha saudades mais como eu ja havia vindo embora nao pude nem ao menos me despedir.